DIA DE CONSCIENTIZAÇÃO: Mãe de criança autista traduz emoção de compreender e ajudar melhor o filho; dia 2 de abril reforça a conscientização sobre o autismo


DIA DE CONSCIENTIZAÇÃO: Mãe de criança autista traduz emoção de compreender e ajudar melhor o filho; dia 2 de abril reforça a conscientização sobre o autismo

Mateus, 8 anos, voltou às aulas acompanhado pela mãe Cristiane

Porto Velho, RO - Certamente, a visibilidade da situação dos autistas em Porto Velho passa a significar um avanço na busca de melhores condições de vida. Neste sábado (2) é lembrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.

A data, estabelecida em 2007, tem por objetivo difundir informações sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno. A Lei nº 12.764/2.012 institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

O Governo de Rondônia deu início à emissão de registro de identidade (RG) para autistas, distribuindo-as inicialmente pelo “Tudo Aqui” em Ariquemes, Ji-Paraná, Porto Velho e Rolim de Moura.

O Transtorno do Espectro Autista (TEAs) aparecem na infância e tendem a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, eles se manifestam nos primeiros cinco anos de vida, informam a Associação de Amigos do Autista e o Blog da Saúde do Ministério da Saúde.

Mateus Brasil, 8 anos, morador no bairro Aponiã em Porto Velho, teve seu diagnóstico aos 2 anos e meio de idade. Segundo a mãe, Cristiane Brasil, a medida de criação do documento de identidade é excelente.

“Pais de crianças autistas precisam ser ouvidos não apenas para chamar a atenção do Poder Público, mas para serem conhecidos pela sociedade e nela se integrarem de verdade”, ela enfatizou emocionada.

Para Cristiane, o dia especial dos autistas deve ser aberto não apenas às mães. “Essa conscientização deve ser buscada por todos, porque mesmo com tanto conhecimento divulgado na mídia, às vezes damos de cara com o preconceito”, disse.

Além de Mateus, ela cria Nicole, de 9 anos, que frequenta a mesma escola de Mateus. Na Escola Guadalupe, no mesmo bairro, o menino frequenta a sala especial duas vezes por semana. “Eu senti preconceito dentro de um supermercado, quando ganhei o direito de passar primeiro pelo caixa, mas graças a Deus superei uma fase difícil dentro da própria família, quando passaram a compreendê-lo melhor e lhe deram mais amor”.
 
Mateus: duas vezes por semana frequenta sala especial

TEMPO DE PLANEJAR

A mãe acredita que a pandemia deu o sinal para a necessidade de as escolas aceitarem o voluntariado e planejarem ações voltadas para o bem-estar da clientela autista. “O próprio jeito de ensinar tem carências, e muitos voltam para casa por falta de acompanhante”, explicou.

Conforme relatou, Mateus opôs resistência em retornar às aulas, das quais foi afastado em 2020 por causa da propagação do coronavírus. “Ele aumentou o peso, mudou completamente a rotina e sentiu muito a ausência da avó Pedrina, 69, que em março de 2021 morreu de covid-19; na verdade, depois de tanto ouvir que precisava ficar em casa, ele se sentiu forçado a voltar”, contou.

Cristiane elogia o voluntariado porto-velhense e reconhece o papel do grupo Movidos pelo Amor, em uma igreja evangélica, onde diversas crianças fazem terapia. “Lá, pedagogo, terapeuta, nutricionista e outros profissionais atendem uma vez por semana com recursos próprios; o SUS (Sistema Único de Saúde) ainda demora no diagnóstico do autismo, e eu vejo isso como problemático, porque as diferenças comportamentais começam a ser notadas nos primeiros anos de vida”.

Segundo a mãe, quando o diagnóstico retarda, o autismo fica severo, ocasionando aos pais, muitas vezes sem condições financeiras, a pagarem o atendimento clínico completo.

APOIO ESCOLAR

Na Escola Estadual Tancredo Neves (zona sul), gestores escolares vêm sensibilizando (por lives e na prática) a comunidade escolar, para o processo de inclusão de autistas e portadores da síndrome de Down. A escola tem sala de recursos multifuncionais.

Segundo blog do Ministério da Saúde, embora algumas pessoas com TEAs possam viver de forma independente, existem outras com deficiências severas que precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas.

As intervenções psicossociais baseadas em evidência, tais como terapia comportamental e programas de treinamento para pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e de comportamento social e terem um impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida de pessoas com TEAs e seus cuidadores.

As intervenções voltadas para pessoas com TEAs devem ser acompanhadas de atitudes e medidas amplas que garantam que os ambientes físicos e sociais sejam acessíveis, inclusivos e acolhedores.

SINTOMAS

Segundo o blog e o ministério, pessoas afetadas pelos TEAs frequentemente têm condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O nível intelectual varia muito de um caso para outro, variando de deterioração profunda, a casos com altas habilidades cognitivas. De acordo com o quadro clínico, os sintomas podem ser divididos em três grupos:

► Ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;

► O paciente é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;

► Domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite levar a vida próxima do normal.

TRATAMENTO

Ainda, conforme a Associação de Amigos do Autista e o Blog da Saúde do Ministério da Saúde, o autismo é um transtorno crônico, porém, conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar.

Envolve a intervenção de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além da imprescindível orientação aos pais ou cuidadores. É altamente recomendado que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de intervenção personalizado, pois nenhuma pessoa com autismo é igual a outra.

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